Gioconda Mussolini nascida em São Paulo, em 1913, foi a primeira mulher, no Brasil, a fazer da Antropologia Social a sua profissão, tendo sido docente e pesquisadora na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, desde 1935 até o dia da sua morte, em maio de 1969.
Gioconda formou-se como professora primária, em 1931, na Escola Normal Padre Anchieta. Logo no começo de 1933, ingressou oficialmente no quadro do ensino público paulista. Foi admitida, ainda em 1933, no Curso de Aperfeiçoamento de Professores Primários que funcionava no Instituto Pedagógico “Caetano de Campos” e que, como a própria Gioconda escreveria num Currículo de 1965, “equivalia aos dois primeiros anos do Curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia” da USP. Em 1933, iniciam os estudos superiores de Gioconda Mussolini, na primeira turma desse novo Instituto de Educação. Ela se destacava entre os seus colegas e, em 1935, recebeu o convite do recém criado Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, para atuar como “pesquisadora social”, mais especificamente na “Divisão de Documentação Histórica e Social”.
A relevância de Gioconda Mussolini para a antropologia brasileira desdobra-se em três direções. Primeiro, por ela ter protagonizado os primórdios do ensino na disciplina, numa instituição pioneira como a FFCL da USP; segundo, pela sua contribuição ao campo da “antropologia da doença”, através da sua dissertação de mestrado, defendida na Escola Livre de Sociologia e Política, em 1945; finalmente, e sobretudo, o nome dela é referência fundamental para os estudos brasileiros sobre pesca, sobre cultura e organização social de comunidades litorâneas em geral e das populações caiçaras do litoral de São Paulo, em particular.
O campo da antropologia da pesca tem no nome de Gioconda uma espécie de “mãe fundadora”. Na primeira e na terceira dessas três direções, não é mais nem tanto o “pioneirismo” a ser marca de reconhecença, mas as novidades teóricas, metodológicas e epistemológicas que ela tentou introduzir na sua produção acadêmica.
Fonte: CNPq: Pioneiras da Ciência no Brasil, edição 5.